Para pessoas diferentes, planos e sonhos diferentes, seria bem lógico, mas não. Muitos consideram vencer na vida conquistar a tão sonhada casa própria e um carro do ano. Muito materialista? Talvez, mas viver com conforto e segurança é/pode ser um objetivo almejado. Obviamente gozar de boa saúde é evidente. Mas vale apresentar taxas de colesterol e glicemia desejáveis e sentir-se infeliz? Fulano venceu na vida: bem sucedido na carreira, casa e carro próprios, família “estruturada” mas não tem tempo para aproveitar a maioria do que conquistou. Ironia? Outra amiga que sonhou ser mãe e casar compensa sua frustração em viagens pelo mundo. Errada não está. Um colega vive exclusivamente para o seu trabalho de manhã à noite, não tem vida social, poucos amigos. Passa fins de semana trabalhando em seus atuais e futuros projetos. Pergunto-me: se “tirar” o trabalho e a família, sobra alguma coisa. Depois que minha amiga comprou sua cobertura e adquiriu suas jóias “de grife”, ficou arrogante e os amigos se afastaram. Hoje sofre com recorrentes problemas de infiltração na tão sonhada cobertura, vazia.
Prêmios e títulos
Alguns professores de escolas exibem, orgulhosos, seus troféus de campeonatos escolares: jogos de Educação Física, Olimpíadas de Matemática, concursos de redação. Um ou dois alunos/as se destacam, e os/as demais, fazem o quê? Certamente o reconhecimento na área é sinônimo de competência, de inteligência. Mas, não basta escrever um livro (que já é muita coisa!), é preciso ganhar prêmio de “melhor” livro? Melhor para quem? Para um júri especializado ou para quem mais vendeu exemplares? Se vendeu mais é porque é melhor? Tenho minhas dúvidas. Uma professora se esforça e dá aulas ótimas, mas como não é muito “simpática”, seus alunos a avaliaram com nota baixa. Vida de professor/a. Difícil medir a qualidade das coisas, dos fatos,
das pessoas.
Somos avaliados por padrões quantitativos.
Síndrome Dercy
Gosto muito desta postura diante da vida, do mundo. Dercy Gonçalves foi uma grande artista brasileira, irreverente, desbocada, autêntica. Não se preocupava muito com a opinião das pessoas, vivia do seu jeito. Antes eu defendia este estilo de vida somente depois dos sessenta anos, agora mudei: procuro vivenciar esta síndrome depois dos quarenta mesmo. Para quê perder tempo? Ser fiel a você mesmo é vencer na vida. Saber dizer não, escolher disputas ou brigas, ficar em casa, sozinho, feliz da vida, com a consciência tranquila. Não ter inimigos pode ser vencer na vida. Receber convites, ganhar presentes inesperados também. Conviver com dores, ajudar familiares, chorar com novelas ou filmes é vencer na vida. Viver suas vontades aceitando as consequências é vencer na vida. Viajar com malas pequenas, admirar crianças e animais é vencer na vida. Não preciso de medalhas ou títulos, preciso de café, de livros e de amizades sinceras. E você?